Durante a última eleição, todos os brasileiros viram, ao lado da propaganda política dos partidos, a propaganda do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De uma maneira geral, acho que a propaganda do TSE cumpriu seu papel de informar sobre as eleições e os procedimentos da votação. Entretanto, cometeu também dois erros graves.
O primeiro, na minha opinião, foi quando escolheu o péssimo slogan: “agora, você é o patrão”. Ora, quem disse que eu quero ser o patrão? Quem disse que ser patrão é bom? Quem disse que os patrões sabem escolher melhor? Pelo contrário, para a grande maioria dos trabalhadores assalariados brasileiros, patrão é aquele que explora, que não se importa com o bem-estar dos trabalhadores, mas apenas no lucro da empresa. A própria Justiça brasileira, ao garantir que na Justiça do Trabalho os patrões e os empregados sejam representados separadamente, reconhece que o patrão tem interesses diferentes dos interesses dos trabalhadores. No fundo, esse slogan carrega uma forte carga ideológica de classe, que acaba por esconder o conflito entre patrões e trabalhadores.
O segundo erro é quando o TSE trata das formas com que se deve cobrar dos candidatos eleitos o cumprimento de suas propostas. Após falar da importância da pressão social, o que de fato é muito importante, o TSE diz como essa pressão deve ser feita. Para o TSE, a maneira mais correta de fiscalizar e participar dos mandatos, e, por tabela, da vida política do país, é... através de cartas e e-mails!!! Depois, exibe o depoimento de cidadãos que dizem ir à Assembléia Legislativa e à Câmara dos Vereadores, etc, etc.
Mas, será que esse tipo de cobrança tem mesmo resultado? Quando na história do Brasil alguma importante mobilização social foi feita através de cartas? Mais ainda: o que essas pessoas que vão às assembléias fazem lá? Quantas pessoas fazem isso? Será que ao menos são atendidas???
Acho que com essas perguntas fica claro que, nesse ponto, a propaganda do TSE tem apenas a intenção de ser politicamente correta, mas está longe de indicar as verdadeiras maneiras pelas quais o povo pode, e deve, participar da vida política do Brasil. Na linguagem de Paulo Freire, acho que a propaganda do TSE não passa sequer da consciência ingênua, quando na verdade o que se deve estimular é o surgimento da consciência organizativa. Em outras palavras, só a luta organizada é capaz de influir politicamente. Se alguém pretende participar da vida política do país deve organizar-se em alguma entidade que o represente, seja a associação de moradores de seu bairro, seu sindicato, seu diretório acadêmico e, principalmente, organizar-se em um partido político. Sem a presença e a ação desses agentes sociais coletivos as demandas populares continuarão a ser olimpicamente ignoradas pelos políticos eleitos, que seguirão legislando em causa própria.
O primeiro, na minha opinião, foi quando escolheu o péssimo slogan: “agora, você é o patrão”. Ora, quem disse que eu quero ser o patrão? Quem disse que ser patrão é bom? Quem disse que os patrões sabem escolher melhor? Pelo contrário, para a grande maioria dos trabalhadores assalariados brasileiros, patrão é aquele que explora, que não se importa com o bem-estar dos trabalhadores, mas apenas no lucro da empresa. A própria Justiça brasileira, ao garantir que na Justiça do Trabalho os patrões e os empregados sejam representados separadamente, reconhece que o patrão tem interesses diferentes dos interesses dos trabalhadores. No fundo, esse slogan carrega uma forte carga ideológica de classe, que acaba por esconder o conflito entre patrões e trabalhadores.
O segundo erro é quando o TSE trata das formas com que se deve cobrar dos candidatos eleitos o cumprimento de suas propostas. Após falar da importância da pressão social, o que de fato é muito importante, o TSE diz como essa pressão deve ser feita. Para o TSE, a maneira mais correta de fiscalizar e participar dos mandatos, e, por tabela, da vida política do país, é... através de cartas e e-mails!!! Depois, exibe o depoimento de cidadãos que dizem ir à Assembléia Legislativa e à Câmara dos Vereadores, etc, etc.
Mas, será que esse tipo de cobrança tem mesmo resultado? Quando na história do Brasil alguma importante mobilização social foi feita através de cartas? Mais ainda: o que essas pessoas que vão às assembléias fazem lá? Quantas pessoas fazem isso? Será que ao menos são atendidas???
Acho que com essas perguntas fica claro que, nesse ponto, a propaganda do TSE tem apenas a intenção de ser politicamente correta, mas está longe de indicar as verdadeiras maneiras pelas quais o povo pode, e deve, participar da vida política do Brasil. Na linguagem de Paulo Freire, acho que a propaganda do TSE não passa sequer da consciência ingênua, quando na verdade o que se deve estimular é o surgimento da consciência organizativa. Em outras palavras, só a luta organizada é capaz de influir politicamente. Se alguém pretende participar da vida política do país deve organizar-se em alguma entidade que o represente, seja a associação de moradores de seu bairro, seu sindicato, seu diretório acadêmico e, principalmente, organizar-se em um partido político. Sem a presença e a ação desses agentes sociais coletivos as demandas populares continuarão a ser olimpicamente ignoradas pelos políticos eleitos, que seguirão legislando em causa própria.
Humberto Lima
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