19.11.06

Friedman já estava morto!

No dia 16 de novembro, morreu o economista norte-americano Milton Friedman. A imprensa capitalista brasileira e mundial têm reservado longas reportagens em elogio à obra de Friedman. De fato, para os grandes monopólios internacionais as idéias de Friedman foram muito lucrativas. Para o restante da população, no entanto, elas trouxeram mais desemprego e desigualdade social.

Após a crise que se seguiu à quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929, e com o vigoroso crescimento econômico e social da União Soviética, as propostas dos liberais foram rejeitadas em todos os países do mundo. No bloco socialista seguia-se com sucesso o Planejamento Econômico Estatal, enquanto que no bloco capitalista os liberais eram substituídos pelos “keynesianos”, seguidores do economista inglês Jonh M. Keynes, que entre outras coisas reconhecia que as leis de mercado sozinhas eram incapazes de levar a economia ao equilíbrio, e defendia uma maior participação do Estado na economia.

Na década de 1970, com o revisionismo na URSS e a nova crise no bloco capitalista com o choque do petróleo, os liberais voltaram a ganhar terreno, agora com o nome de neoliberais. Friedman era o principal líder desse processo e por isso é conhecido como o “pai do neoliberalismo”. O receituário, no entanto, era praticamente o mesmo: recessão, juros altos, corte de gastos, abertura comercial, superávit primário, privatizações e maior controle da economia pelas grandes empresas privadas.
Com essas medidas, Friedman foi assessor dos ultra-reacionários Ronald Regan nos EUA, Margath Tacher na Inglaterra e até de Pinochet no Chile. O auge da influência neoliberal se deu na década de 1990, com o Consenso de Washington, quando os governantes de vários países se comprometeram com as propostas neoliberais.

No entanto, o resultado dessas medidas foi muito diferente daquele propagandeado por Friedman e outros neoliberais. Aumentaram as desigualdades sociais e nacionais; aumentou o desemprego, inclusive na Europa; direitos trabalhistas e sociais históricos foram retirados; aumentou o poder das empresas multinacionais e diminuiu o dos sindicatos.

Esses resultados tornaram o neoliberalismo indefensável em quase todos os cantos do mundo. Isso é comprovado com as vitórias de candidatos mais à esquerda na Espanha e na Itália, pela vitória do NÃO na França e na Holanda no plebiscito sobre uma maior abertura comercial européia, e pela eleição de vários candidatos de esquerda na América Latina. Até no Brasil, o partido das privatizações e das reformas neoliberais, o PSDB, teve que esconder suas posições na última eleição presidencial e, mesmo assim, foi derrotado.
Por tudo isso, o choro da burguesia internacional é muito menos por Friedman do que pelo desmascaramento dos verdadeiros interesses do neoliberalismo aos olhos de um número cada vez maior de pessoas.
Humberto Lima
Sindicalistas alemães protestam
contra reformas neoliberais

4 comentários:

Anônimo disse...

LEGAL!

Anônimo disse...

Aha! Aí tá o teu texto! Agora sim...
Assunto perfeito. Esse "já vai tarde" público, tava engasgado até, provavelmente, o próximo JAV. E, Bebeto, tinha que ser tu, né!? O recém formado, falando com propriedade... kkkkk!!!!!
Adorei o espaço!
Abração,
Izabel

Anônimo disse...

gostei do texto. muito bom.

Anônimo disse...

friedman nunca vai morrer enquanto houver um sopro de liberdade na alma humana.