Os restos mortais do guerrilheiro Luiz José da Cunha, o Comandante Crioulo, da Ação Libertadora Nacional - ALN, foram, finalmente, identificados. Ele foi morto em julho de 1973 em São Paulo, durante uma emboscada do DOI-Codi, e enterrado como indigente no Cemitério Dom Bosco, na vala clandestina de Perus, em São Paulo.
Segundo autópsia recuperada em 1995 pela Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos do Regime Militar, Cunha foi torturado até a morte e teve a cabeça arrancada. No laudo original dos arquivos do Regime consta como causa da morte um tiro recebido durante confronto com a polícia. Porém, uma foto de seu corpo mostra diversas lesões em seu rosto, numa evidência de que ele foi morto sob torturas.
O Cemitério Dom Bosco foi construído na gestão do prefeito Paulo Maluf, com o objetivo de enterrar “corpos não identificados”, entre eles indigentes e militantes assassinados nos porões da ditadura.
A solução para o caso começou ainda em 1990, quando foi descoberta a vala clandestina contendo 1.049 ossadas. Em 1992, as famílias supuseram ter encontrado os restos de Hiroaki Torigoe (já identificado) e de Luiz José da Cunha. Sua ossada foi levada, inicialmente, para o Departamento de Medicina Legal da Unicamp, que sob o comando do legista Badan Palhares (famoso pelo caso PC Farias), agiu com descaso e não conclui laudo algum. Em 2000, a ossada foi levada ao DML da USP, e só agora, 33 anos após seu assassinato, a família de Luiz José da Cunha pôde reaver seu ente querido.
Casos como este não são exceção. O Regime Militar que, além de aprofundar a exploração capitalista no Brasil a partir do arrocho salarial e da abertura do nosso país ao capital estrangeiro (sendo ele o pai da atual e gigantesca dívida externa), oprimiu, torturou, assassinou e procurou dar fim à luta por justiça social, a luta pelo socialismo.
Contudo, esta luta só tem um fim: a vitória do povo sobre seus opressores. A todos os mortos e desaparecidos, prometemos honrar seus nomes na luta.
LUIZ JOSÉ DA CUNHA VIVE!
Rafael Freire
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