Dizem que Chávez é contra a liberdade de expressão. Mas não falam que as empresas de rádio e TV privadas da Venezuela não têm moral para falar de liberdade nem de democracia pois deram total e irrestrito apoio ao golpe de Estado organizado pelos Estados Unidos em 2002. Dizem que Chávez é um ditador, mas não dizem que ele venceu todas as eleições que disputou e que a Constituição da Venezuela é mais democrática de todas, pois foi aprovada em plebiscito com o voto de todos os cidadãos. Acusam Chávez de querer se manter indefinidamente no poder quando na verdade uma das marcas de seu governo é justamente retirar do poder as máfias que há décadas lucram milhões com a corrupção do dinheiro público. Anunciam o “socialismo do século XXI” como sendo algo esdrúxulo e fantasioso. Entretanto, vivemos no século XXI e esdrúxulo seria se Chávez quisesse implantar o socialismo em um século que já acabou.
A verdade é que essa imprensa conservadora e a burguesia mundial fizeram um grande esforço para acreditar numa mentira que eles mesmo inventaram: de que o socialismo havia acabado. Achavam que com o exemplo do fim da União Soviética, com o controle dos grandes meios de comunicação e com eleições subordinadas ao poder financeiro, estavam garantidos. Erraram! Para quem tem hoje entre 15 e 25 anos o fim da URSS não teve o mesmo impacto que para os velhos pseudo-comunistas que arriaram suas bandeiras no começo da década de 90 e o poder financeiro não pode esconder indefinidamente a injustiça e a exploração que o capitalismo faz sentir na pele todos os dias.
Chávez está certo. Organiza a economia para que suas riquezas sejam usadas para o bem do povo. Investe maciçamente em educação e saúde. Chama o povo para participar ativa e conscientemente da vida política do país. Um aula de democracia para qualquer tecnocrata com nojo do povo que defende uma democracia de fachada nos moldes dos EUA, onde dois partidos quase iguais se revezam no poder e as eleições são inacessíveis para um cidadão comum.
Se Chávez e o povo venezuelano vão conseguir seus objetivos, ainda não podemos afirmar. Os desafios são muitos e a pressão será cada vez maior. Os EUA falam já abertamente que é preciso “rediscutir o conceito de soberania”. Mas são inegáveis os avanços que foram conseguidos nessa última década. Neoliberalismo, privatizações e outras coisas - que fizeram o lucro dos grandes monopólios internacionais e a miséria dos trabalhadores - são hoje rechaçados pelo povo em todos os países, inclusive o Brasil. Ventos novos e livres começam a soprar em todos os cantos do mundo, e hoje, principalmente na Venezuela.
Recentemente, foi reaberto em Moscou, após dois meses de reformas, o mausoléu onde está o corpo de Lênin. Algumas pessoas que visitaram o local repararam que havia uma coisa diferente: disseram que Lênin parecia estar sorrindo...